A gente também parece com o mar
tem coisa na vida que a gente acredita mas que não deixa a gente mais na inteireza.
a gente sente que faz aquilo para chegar em algum lugar.
é tipo um pacto.
mas aquela energia que foi colocada ali, aonde não era para ela estar, ela como que dá um nó.
e o nó fica lá, lembrando a gente da dor e da justificativa. “é pro seu bem”…a gente cochicha para gente.
infelizmente, não se pode ser feliz pela metade.
não existem pactos possíveis sobre a felicidade.
A felicidade é reconhecer a beleza da inteireza.
Porque se a gente se olhar direitinho, a gente se admira da gente.
A gente também parece com o mar, também parece com a floresta viva, também parece com uma festa.
por que acreditar em justificativas que driblam a felicidade?
Melhor apanhá-las e fazer um oferecimento para o campo da vida.
a gente se acocora, coloca ali uma semente e uma folha em cima, e diz:
“aqui eu morri e que bom
porque nunca ia ser feliz assim”
a gente se encanta e ri da gente mesmo
João Vale