Na descendente da parábola da vida

A consciência de que a vida está na parte descendente da parábola sempre chega. As vezes mansa, na sutileza dos pigmentos que vão surgindo nas costas da mão, as vezes de forma mais bruta quando uma dor doe pela simples fadiga da matéria. É comum ouvir vozes dentro cabeça que disparam sem dó, coisas do tipo: Te avisei que era para pagar o carnê Leão quando ficou autônomo. – Te avisei que era para passar protetor solar nas mãos enquanto fazias caipirinha e rebolava um rock qualquer. – Te avisei que a cidade era um vão e que melhor seria ter fugido para as montanhas…E para todas elas (vozes) respondo com a sinceridade de quem está cada dia mais ciente da finitude das coisas, que fiz o melhor que me foi possível. Me perdoo por não ser quem sonhei e agradeço pelo conforto de poder conhecer e compreender quem sou.